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Foto: Divulgação |
Quando o mar é o cenário perfeito para o início de um sentimento intenso. É nesse contexto que nasce a peça “Caio & Léo”. Sob a direção de Yuri Yamamoto, o espetáculo que ficou em cartaz entre os dias 2 e 23 de maio de maio, retorna para três apresentações especiais, nos dias 29 e 30 desse mês no Teatro José de Alencar, e no dia 31 no Cuca da Barra do Ceará.
Caio é consultor de planejamento e Léo fotógrafo. Os jovens se conheceram num píer à beira mar, entre olhares e conversas acabam se envolvendo. Transpondo a ideia de um mero romance homoafetivo, a peça tenta ir além ao abordar de maneira mais intensa e profunda temas como sexo, afetividade e tempo.
Despindo os personagens e, ao mesmo tempo, os construindo em cenas fortes, expressas pelo tesão, sarcasmo e agressividade, “Caio & Léo” sustentam características opostas, detalhes escondidos que são revelados durante os 55 minutos de espetáculo, e segredos que impedem que um dos dois se entregue a nova paixão.
Com texto do cearense Rafael Martins fundador do Grupo Bagaceira de Teatro, a peça teve o incentivo da Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza, e o apoio do Instituto Dragão do Mar e da Escola Porto Iracema de Artes, onde foi desenvolvido todo o processo de pesquisa dos personagens e montagem.
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Foto: Divulgação |
O Blog ARTEFOCAS conversou com Rafael Martins sobre a peça, suas inspirações expetativas para o novo espetáculo. Confira:
ARTEFOCAS: A peça vai além de uma história de romance entre dois homens, tratando de afetividade, sexo e tempo. Como foi o processo de criação do texto, inspiração e porque tratar de uma relação homo?
Rafael Martins: A primeira versão de “Caio e Léo”, escrevi há mais ou menos 12 anos e estreamos o espetáculo em 2003, com direção do Aldo Marcozzi. Eu era um dos atores. Agora tive a oportunidade de voltar à sala de ensaio para refazer o texto com um olhar mais amadurecido, porém tentando conservar o frescor daquela época.
Caio e Léo é uma peça à flor da pele. O afeto, a força incontornável dos desejos, as dificuldades de entendimento, os desencaixes, a necessidade de fazer escolhas... Tudo isso está no espetáculo.
Sobre a relação homo, eu acho natural, é a vida, é o amor e que bom que é assim. Acho importante e político que eles sejam gays. Mais que simpatia, quero motivar empatia. É mais difícil e complexo. No palco, as pessoas verão duas figuras humanas, com tropeços e qualidades iguais aos de qualquer um da plateia.
ARTEFOCAS: Na peça os protagonistas apresentam personalidades e características diferentes. Como foi o processo de criação dos dois, e qual o motivo dessa “disparidade”? Vale aqui o ditado de que “os opostos se atraem”?
Rafael: Sim, é preciso buscar as diferenças. Não é por serem gays que eles são iguais. O desejo que um sente pelo outro é apenas a porta de entrada para uma relação cheia de contestações. Há conflitos motivados por essas diferenças e muito fascínio, naturalmente.
ARTEFOCAS: O que nos poderíamos saber a mais sobre “Caio & Léo”? Qual a mensagem a peça pretende passar pra quem for assistir ao espetáculo?
Rafael: Em “Caio e Léo” a paixão também serve de metáfora para a vida, que não é mansa, não está aí para atender prontamente às nossas vontades. Há um caminho e há surpresas no meio do caminho. A vida é agora. Prontos, firmes e prevenidos, nunca estaremos. Por isso acredito que, através desses dois jovens, a peça fale sobre qualquer um de nós.
Peça: Caio & Léo
Em cartaz nos dias 29 e 30 de maio, no Teatro José de Alencar, Centro, Fortaleza às 19:30
e 31 de maio no Cuca da Barra do Ceará às 19 horas ( a presentação no Cuca será gratuita)
Preço: R$ 10,00 [inteira] R$ 5,00 [meia]
Texto: Thiago Silva