O autor e diretor Edson Cândido fala sobre os seus trabalhos no teatro cearense
Nascido na cidade Orós,
Ceará, Edson Cândido (29) é mais um cearense que já saiu do Estado para tentar
a vida em São Paulo. Após uma boa temporada na metrópole paulista, decide
voltar ao seu estado natal. “Sai de uma
selva de pedra e voltei para outra (Fortaleza)”, confessa ele durante a
entrevista.
Estudante de jornalismo, e funcionário
da Assessoria de Comunicação dos Correios, Edson divide a paixão pela
comunicação com o amor pelo teatro. Integrante do grupo Imagens de Teatro, ele
já produziu e dirigiu peças intensas. O grupo já existe há 11 anos e já protagonizou
varias espetáculos de sucesso. As apresentações mais conhecidos são O Abajur Lilás e Barrela.
Proibida de ser produzida em 1970 pela ditadura, a peça O Abajur Lilás retrata
a historia de três mulheres que
sobrevivem como prostitutas à beira da marginalidade. Apesar das incontestáveis
dificuldades deste cotidiano, tudo está como deveria. Até que um dia, tomada
por um súbito acesso de raiva e o árduo desejo de provocar o proprietário do
covil, uma delas quebra um abajur. Esse evento é o suficiente para desencadear
a vingança do dono do prostíbulo. A produção
original foi do diretor Plinio Marcos.
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Cartaz usado para divulgação |
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Cartaz de divulgação |
Para Edson, a produção mais difícil até hoje foi a da peça Barrela, onde teve que passar um dia no Instituto Penal Olavo Oliveira (IPPO), convivendo com os presos sem que eles soubessem. A produção original desse espetáculo também foi de Plinio Marcos, e foi baseada em uma histórica verídica que aconteceu em Santos com um rapaz que, por uma briga qualquer, foi atirado na cadeia onde acabou sendo estuprado pelos outros presos da cela. Jurou vingança e, quando saiu de lá matou um por um, todos os que o desonraram. A peça retrata essa história em forma de diálogo, imaginando situações ocorridas antes, durante e depois do episódio do estupro.
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Cena da peça "Barrela" |
Com
produções de temáticas fortes, Edson revela que deseja levar os telespectadores
a refletir sobre temas que a mídia não mostra e que os políticos não demostram
preocupação. A intenção é levar o público para um lugar que eles não iriam com
tanta frequência, de uma mesa de um cabaré a cela de uma cadeia.
Mesmo com a
falta de apoio dos governos e espaço na mídia, as peças fazem sucesso na cidade
e sempre tem sessões cheias. “Temos um público muito bom. Um trabalho árduo
para formação dessa plateia. Afinal, o grupo existe há 11 anos. Uma luta dura.
Hoje temos um público consolidado, porém não é a realidade do teatro cearense.
Os grupos sofrem para colocar uma nota nos jornais” afirma ele.
Hoje ele se
encontra em negociações para a volta dos espetáculos Barrela e O Abajur Lilás. Com previsão para julho e agosto, ainda não tem datas
definidas, pois esta em fase de negociações. Ele ainda revela que está
pesquisando mais três textos de Plinio Miranda, que devem ser lançados em 2015.
Neto Almeida