Archive for abril 2014

Alma de Artista

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O autor e diretor Edson Cândido fala sobre os seus trabalhos no teatro cearense

Nascido na cidade Orós, Ceará, Edson Cândido (29) é mais um cearense que já saiu do Estado para tentar a vida em São Paulo. Após uma boa temporada na metrópole paulista, decide voltar ao seu estado natal.  “Sai de uma selva de pedra e voltei para outra (Fortaleza)”, confessa ele durante a entrevista.
Estudante de jornalismo, e funcionário da Assessoria de Comunicação dos Correios, Edson divide a paixão pela comunicação com o amor pelo teatro. Integrante do grupo Imagens de Teatro, ele já produziu e dirigiu peças intensas. O grupo já existe há 11 anos e já protagonizou varias espetáculos de sucesso. As apresentações mais conhecidos são O Abajur Lilás e Barrela. Proibida de ser produzida em 1970 pela ditadura, a peça O Abajur Lilás retrata a historia de três mulheres que sobrevivem como prostitutas à beira da marginalidade. Apesar das incontestáveis dificuldades deste cotidiano, tudo está como deveria. Até que um dia, tomada por um súbito acesso de raiva e o árduo desejo de provocar o proprietário do covil, uma delas quebra um abajur. Esse evento é o suficiente para desencadear a vingança do dono do prostíbulo. A produção original foi do diretor Plinio Marcos.


Cartaz usado para divulgação
Cartaz de divulgação













         


          Para Edson, a produção mais difícil até hoje foi a da peça Barrela, onde teve que passar um dia no Instituto Penal Olavo Oliveira (IPPO), convivendo com os presos sem que eles soubessem. A produção original desse espetáculo também foi de Plinio Marcos, e foi baseada em uma histórica verídica que aconteceu em Santos com um rapaz que, por uma briga qualquer, foi atirado na cadeia onde acabou sendo estuprado pelos outros presos da cela. Jurou vingança e, quando saiu de lá matou um por um, todos os que o desonraram. A peça retrata essa história em forma de diálogo, imaginando situações ocorridas antes, durante e depois do episódio do estupro.


Cena da peça "Barrela"


Com produções de temáticas fortes, Edson revela que deseja levar os telespectadores a refletir sobre temas que a mídia não mostra e que os políticos não demostram preocupação. A intenção é levar o público para um lugar que eles não iriam com tanta frequência, de uma mesa de um cabaré a cela de uma cadeia.
Mesmo com a falta de apoio dos governos e espaço na mídia, as peças fazem sucesso na cidade e sempre tem sessões cheias. “Temos um público muito bom. Um trabalho árduo para formação dessa plateia. Afinal, o grupo existe há 11 anos. Uma luta dura. Hoje temos um público consolidado, porém não é a realidade do teatro cearense. Os grupos sofrem para colocar uma nota nos jornais” afirma ele.
Hoje ele se encontra em negociações para a volta dos espetáculos Barrela e O Abajur Lilás. Com previsão para julho e agosto, ainda não tem datas definidas, pois esta em fase de negociações. Ele ainda revela que está pesquisando mais três textos de Plinio Miranda, que devem ser lançados em 2015.

Neto Almeida

K- pop: O pop coreano que tem feito a cabeça dos cearenses

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Grupo "Shinobi Style" após apresentação no SANA

Não é de agora que o universo oriental dos animes tem alcançado muitos jovens da capital do Ceará. Fortaleza já se rendeu aos desenhos, animes, mangás, games e a toda essa parte da cultura pop do Japão, Coreia e outros países do Oriente. Uma prova disso é a Super Amostra Nacional de Animes (SANA), um evento realizado uma vez por ano na cidade, e organizado pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira. Uma novidade que pouca gente conhece é que além dos desenhos, jogos e revistas, outra manifestação artística que tem feito a cabeça dos cearenses é o chamado K-POP (uma abreviação de música pop coreana). 

Definido como um gênero musical consistindo de dança, música eletrônica, electropop, hip hop, rock e R&B originários da Coreia do Sul, em países estrangeiros K-POP se refere principalmente aos principais hits cantados por ídolos teen coreanos.  

No Ceará, dezenas de grupos de dança formados por jovens, dedicam tempo, dinheiro e criatividade em ensaios de performances desse estilo. O Blog ARTFOCAS foi conferir de perto a rotina de um deles. 

Alexandre Cunha, 30 anos, não esconde seu amor pela cultura oriental, tanto que investe seus fins de semana nos ensaios do seu grupo de dança K-POP chamado Shinobi Style. Com cerca de 15 integrantes, incluindo dançarinos e equipe técnica, a produção chega a ser cinematográfica, com investimentos em figurinos, sessões de fotos, marketing para divulgação do grupo, cabelo e maquiagem; tudo isso sem nenhum patrocínio.

Sana K-Pop  -  Divulgação
“Vamos juntando aqui e ali, depois vemos o figurino que cabe no bolso de todos, maquiagem e cabelo é com nosso personal style, e o marketing comigo, alimentando nossa fanpage com vídeos e informações. Sou fotografo e isso já ajuda muuuuito”, afirma Alexandre, que prefere ser chamado de Areshi San. 
Fora dos ensaios, apresentações e concursos, os rapazes do Shinobi Style são pessoas comuns que precisam administrar a rotina do trabalho, escola ou faculdade: “Alguns trabalham outros estudam, ensaios no fim de semana aos sábados e domingos. Quando está mais próximo do evento a gente entra em frenesi e marca ensaios rápidos na semana, e nesse último evento, viramos a noite de véspera pra ensaiar” comenta Areshi.

O avanço do K-POP no Brasil tomou força nos últimos dois anos, com o viral do “GANGNAM STYLE”, música do cantor pop coreano PSY. Em Fortaleza, já existem eventos de dança, e concursos destinados exclusivamente ao estilo, o que só aumenta o número de grupos na capital, que chegam a somar 30 conjuntos de dança K-POP.  

Os concursos não ficam por baixo, com premiações que chegam até R$ 10mil, os eventos reúnem centenas de adolescentes. O último aconteceu na primeira semana de abril, o SANA K-POP, realizado no SEBRAE.  
Para o Bacharel em Administração Anderson Alves, 24 anos, e fã declarado da cultura oriental, fazer parte de um grupo de K-POP requer muito tempo e dedicação, e não dá nenhum retorno, além do prazer de dançar: “Do ponto de vista custo benefício, não vale a pena tanto investimento pois o retorno será apenas pessoal. Agora retorno financeiro é zero, sem falar que no Sana os jurados são despreparados e vão mais pela amizade e todos os grupos de K-POP que dançam lá, sabem disso” afirma Anderson.